Desligar para melhor voltar: porque precisamos de aprender a parar

Vivemos num tempo em que estar permanentemente ligado se tornou quase sinónimo de compromisso. A cultura da urgência, da resposta imediata e da produtividade contínua foi-se instalando silenciosamente nas organizações, muitas vezes confundida com eficácia, quando na verdade pode estar a prejudicar, a longo prazo, o desempenho das equipas. E é neste contexto que as férias ganham uma nova relevância: já não são apenas uma pausa, são um imperativo estratégico.

A verdade é que ninguém consegue manter níveis elevados de foco, criatividade e entrega sem momentos reais de descanso. O cansaço acumulado, por mais silencioso que seja, instala-se nas decisões, nos relacionamentos e na qualidade do trabalho. A pressão constante corrói a clareza e esvazia o propósito. E é por isso que parar, verdadeiramente, tem de ser visto como parte integrante da performance, e não como um intervalo entre tarefas.

Desligar exige mais do que boa vontade. Exige planeamento, cultura e liderança. É fundamental criar condições para que cada colaborador possa tirar férias sem sentir culpa, receio ou a necessidade de se manter disponível. Mas isso implica, por um lado, processos internos bem estruturados e, por outro, uma liderança que valoriza o descanso como parte do ciclo produtivo e não como uma concessão. A preparação da ausência deve ser levada tão a sério como a execução de qualquer projeto crítico: delegar com clareza, alinhar responsabilidades, comunicar com antecipação e garantir continuidade.

No entanto, os dados continuam a mostrar que a desconexão total está longe de ser a norma. De acordo com o estudo Global Workforce of the Future, promovido pelo Grupo Adecco, apenas 37% dos profissionais afirmam conseguir desligar verdadeiramente nas férias. Um dado preocupante, sobretudo quando sabemos que o burnout é hoje uma das principais causas de absentismo e quebra de produtividade e que já foi reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como fenómeno ocupacional.

Desconectar, portanto, não é um luxo. É uma medida de saúde organizacional. E mais do que uma questão de gestão do tempo, é uma questão de gestão da energia. Uma equipa descansada não é apenas mais feliz é mais eficaz, mais criativa e mais resiliente.

Mas este não é apenas um tema de gestão interna. É um reflexo direto da maturidade das lideranças e da cultura que as empresas constroem. Quando a ausência de um colaborador se torna uma fonte de desorganização ou stress para os que ficam, isso revela não só uma fragilidade nos processos, mas também uma dependência excessiva de pessoas, o que fragiliza o crescimento sustentável. As férias são, também, um teste à capacidade da organização funcionar em pleno, mesmo quando parte da equipa está fora.

É, por isso, que acredito que uma cultura saudável se mede também pela forma como se respeita o tempo pessoal. O descanso tem de ser intencional, respeitado e bem gerido e o regresso das férias, um momento de reinício com energia renovada, não apenas uma continuação da pressão anterior.

Desta forma, o desafio das organizações atuais não é apenas manter as pessoas produtivas, é garantir que conseguem sê-lo a longo prazo, com saúde, com equilíbrio e com clareza de propósito. Saber parar, hoje, é tão importante quanto saber avançar. E quem lidera tem de garantir que esse espaço para parar existe, sem culpa, sem medo, e com total apoio organizacional.

Porque o verdadeiro compromisso não se mede pelas horas online ou presenciais, mas pela qualidade do impacto que cada pessoa consegue gerar, com a mente focada, o corpo descansado e o propósito que se renova com cada pausa bem vivida.

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